Momentos divinos

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Para abrir as hostilidades deixo um exercício roubado ao Pedro Ribeiro no seu excelente “Dias Úteis” (que consulto religiosamente) que por sua vez tinha sido roubado à Mónica Marques no seu “Sushi Leblon”. É, se quiserem, uma enumeração dos breves momentos em que passamos tangentes à perfeição. Ou a Deus, se usarem a mesma definição que eu. Por outras palavras, as coisas boas que levamos desta vida.

Sendo uma excelente forma de apresentação, lanço o mesmo desafio aos restantes marmanjos. Cá vai:

Maracujá. Leite condensado. Meloa pequenina e madura. Maracujá, com meloa pequenina e madura com leite condensado por cima. Os melhores episódios do Seinfeld. Os outros episódios do Seinfeld. Deitar tarde. Acordar tarde. Cozinhar e toda a gente repetir. Os amigos que me cumprimentam sempre com abraços. Acabar um sudoku de grau dificil, um origami complicado, ou palavras cruzadas sem quadrados pretos. Elogios sinceros. Bebidas de gaja como daiquiris de morango ou tequila sunrise. Os Queen. As fotos que saem "artísticas" para um dia fazer posters. O cheiro a bronzeador em qualquer altura do ano que me transporta imediatamente para os verões na praia quando ainda não tinha responsabilidades. 3 ou 4 letras do “Gabriel o Pensador” das quais agora não me lembram os nomes. Arrumação. Cheiro a baunilha... ou a gasolina. Os primeiros goles numa SuperBock gelada… pela garrafa. Aplausos do público. Cantar com o Jorge. Cantar e tocar guitarra com o Jorge e o Vítor… e qualquer outro grupo de malta com quem já fizemos o mesmo às tantas da manhã, em casa de um de nós ou no bar depois de fecharmos a porta. Os ensaios de teatro em que aparvalhamos porque está tudo mais que sabido. Póker com quem sabe jogar. Lembrar a infância com o Paulinho. Todos os livros do José Rodrigues dos Santos menos “A filha do Capitão”. Todos os livros do Saramago. “O Segredo”. Pistachios. Limpar o lavatório depois de desfazer uma barba de 4 ou 5 dias. Duas horas na banheira com um bom livro e um berlaite. Música grunge. Bossa nova. A paciência da Sandra. Os beijos da Sandra. Boa "Stand-up Comedy". “The Office” – versão americana. Monty Python. Sketches dos “Gato Fedorento” mas só quando o RAP participa. Toda a série do Bruno Aleixo. As noites de Elifoot com o Nico. Ameijoas bem feitas. Berbigão cru enquanto os outros dizem que sou maluco. As folhas pequenas do centro das alfaces com montes de vinagre por cima enquanto os outros dizem que sou maluco. Aperceber-me de que praticamente ultrapassei um defeito. Snorkeling na Jamaica. Tudo na Jamaica. Museus e monumentos em Itália. Coffee-shops em Amsterdão. Colinas de relva a entrarem pelo mar na Sardenha. O primeiro dia de neve em Nova Iorque. Fotos com mais de 20 anos de qualquer pessoa próxima. Ler qualquer coisa que me faz sorrir e pensar “é isto mesmo!”. Emocionar-me sozinho com coisas lamechas. Gostar de muitas pessoas e já lhes ter dito. Caracóis. O camarão da minha irmã quando tem bastante limão e knorr. Cansaço e copos com amigos na esplanada depois de um dia de praia e um banho. Golos de bicicleta contra amigos nos “ervados” ou no sintético do Calvão. Reler livros que me marcaram na adolescência. Boas caricaturas. Conhecer pessoas e perceber imediatamente que têm bom coração. Sentir a energia delas. Conhecer pessoas e perceber imediatamente que são inteligentes. Debater temas complicados com elas. Perceber imediatamente que vão estar connosco daqui a 30 anos. Humor negro. Sarcasmo. Poemas do Pessoa. “Present tense” dos Pearl Jam. Tudo o resto dos Pearl Jam. Jorge Palma sóbrio. Sérgio Godinho. Sérgio Godinho, Fausto e José Mário Branco a cantarem juntos. Hawaian baby woodrose. Ficar com o nome de um actor debaixo da língua e lembrar-me passados poucos segundos. Entrar na Bertrand sem pressas. MacDonald's. Cremes de legumes. Azeitonas pretas. Maçãs rijas e sumarentas. Salsa e orégãos. Parmesão e tomate. A Becky a esfregar os olhos com as patas quando está com sono ou mimo. As rugas da cabeça da Becky quando acorda. O Woody a dormir com a língua de fora. O Woody e a Becky enroscados na Sandra. Qualquer filme que só se perceba no final. Filmes do Tarantino. Ou do James Cameron. Ou do Tim Burton. Ou com Brad Pitt, Samuel L. Jackson, Robert Downey Jr, Pacino, De Niro, Edward Norton, Sean Penn, Morgan Freeman, Martin Lawrence, Jamie Foxx ou Bruce Willis. O Benfica. Na televisão, na internet ou no estádio. Artistas no Benfica quando pegam na bola… Rui Costa, Roger, Saviola, Aimar… livres do Cardozo ou do Van Hooijdonk. Defesas do Preud’Homme. Pinhões. O talento e o riso do meu pai. O choro de alegria da minha mãe. As piadas secas do Paulo. Os olhares de cumplicidade com a Cris. A malta toda a quem ofereci uma "runa". As coincidências. A Sandra.

... e muito fica por dizer.

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