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sexta-feira, 19 de março de 2010

O restaurante ocupa meio quarteirão. É grande. A copa, tem uns 50 metros de comprimento e toda ela é utilizada em dias de banquete. Em dias normais só os primeiros 20 metros. Depois dos fogões estão as bancadas de corte. De tudo. De carne a vegetais. A meio, a entrada para uma arca frigorífica enorme, e à porta bacias cheias de leitões à espera de serem recheados. Entro para abastecer o bar de sumos. Passa um leitão a voar que quase me acerta. É a bola de um jogo ridículo praticado por dois mexicanos que estavam lá dentro. Tornam-se mais contidos com a minha presença, mas nada que se assemelhe a vergonha. Estou moralmente escandalizado mas nem tento chamá-los á razão. Estão desumanizados por um estilo de vida que implica 14 horas de trabalho diário mal pago. Se calhar atirar cenouras uns aos outros é o mais parecido com divertimento que vão experienciar nos anos que aqui passarem. Nestas condições facilmente se passa de cenouras para leitões. Passa-me pela cabeça que neste país falar ou não inglês é o principal critério para o salário e o número de horas que se vai trabalhar. O segundo critério é o aspecto mais ou menos mexicano que se tem. São as regras do jogo e milhões de desumanizados sentem-se privilegiados por poderem jogá-lo. Conformo-me enquanto saio da arca. Antes desvio-me do leitão que um deles acabou de chutar. No mundo deles foi uma piada… ou um golo.

2 comentários:

Market-Mouro disse...

Então jogar a bola com leitão e ser pago e desumanização?

Ca para mim parece o próximo desporto olímpico.

Anónimo disse...

ai...nao sabias???